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domingo, 4 de setembro de 2011

A Avaliação Diagnóstica de Matemática

               Antes de começarmos qualquer matéria, a a Fundação Roberto Marinho aplica uma avaliação diagnóstica de Matemática e outra de Português. No dia planejado para a aplicação da avaliação de Matemática, houve tiroteio nas proximidades (estamos localizados perto da comunidade do Chapadão, que há uns 2 anos vem sofrendo com constantes tiroteios). Havia pouquíssimos alunos - sinceramente não entendo como uma mãe ou um pai manda seu filho para a escola sob um forte tiroteio... O planejamento foi mudado e a avaliação foi adiada para a próxima aula. Neste dia, os alunos ficaram nervosos quando falei "avaliação". Expliquei a eles que essa avaliação seria um parâmetro para sabermos o que eles sabem atualmente e confrontar o resultado com uma nova avaliação daqui a algum tempo. Seria também uma forma de avaliar meu trabalho, se estou atingindo os objetivos propostos. A tensão sumiu, ficaram mais relaxados. Era uma avaliação que considerei muito fácil, com questões simples. Achei que eles "tirariam de letra". Mas... (quando chega a hora do "mas...", sempre tem um probleminha) para meu espanto, a média da turma foi 2,0. "- Como assim, 2,0?" - eu me perguntava. Decidi corrigir a avaliação junto com eles, para que vissem onde estavam errando. Eles mesmos, ao final da correção, disseram que erraram coisas bobas e que, se tivessem prestado mais atenção, teriam tido um resultado melhor. Percebi que teria muita dificuldade em trabalhar o raciocínio lógico dos meus meninos. Mas sabe de uma coisa? Fui muito bem explicando Matemática! :)

sábado, 3 de setembro de 2011

O Pacto de Convivência

               Logo na primeira semana me tornei a "cri-cri" da Autonomia. Quero dar aulas usando o datashow, pois acho que a aula assim apresentada chama muito mais a atenção dos alunos. O problema é que o datashow fica no auditório da escola, que é lindo! Lógico que a Diretora fica receosa em liberar o auditório para uma turma de projeto. Entendo perfeitamente: ela nunca me viu fora da quadra dando aulas. Deve ter se questionado se eu conseguiria segurar meus meninos. Preparei uma apresentação em PowerPoint para passar para eles, mas não consegui. A escola tem vários aparelhos de datashow para usarmos quando a Educopédia for instalada, mas eles não seriam abertos antes da hora. A partir daí a Diana começa a ser "cri-cri". Muito complicado ter a tecnologia a seu alcance, mas não poder usá-la... A história do "gostaria de usar o auditório" ainda terá vários capítulos. :)
               Construímos nosso Pacto de Convivência, que é o conjunto de regras que todos, inclusive a professora, devem seguir dentro da sala de aula e também nos outros ambientes da escola. A participação coletiva criou as seguintes normas:

PACTO DE CONVIVÊNCIA

  •     Respeitar a Professora e as Diretoras da Escola.
  •    Não ficar de “saliência” com as meninas.
  •   Ser educado com o colega: dizer “por favor”, “obrigado”, “com licença”, “desculpe”, etc.
  •   Não fazer bagunça na sala de aula.
  •   Fazer a higiene pessoal antes das aulas.
  •   Estudar para fazer as provas.
  •   Não chegar atrasado e vir uniformizado.
  •   Não xingar e nem colocar apelidos nos colegas.
  •   Usar roupas decentes nas aulas de Educação Física.
  •  Não usar telefone celular na sala de aula – a Professora pode atender se for da Creche de seu filho.
  •   Manter a sala limpa: não jogar lixo no chão, não pichar, não escrever na mesa, etc.
  •   Não ficar de vandalismo na Escola.
  •  Tirar um tempo no final da aula para conversar e desenhar, caso a turma fique quieta (se sobrar tempo).
  •   Não brigar na Escola e nem na rua.
  •  Evitar faltas às aulas. E avisar com antecedência se souber que precisará faltar.
  •   Comprometer-se a cumprir o Pacto de Convivência.

               Um fato interessante foi que o "não ficar de saliência com as meninas" foi sugerido pelos próprios meninos. Adorei! Noto que a união já começa a nascer desse grupo.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O Primeiro Choro

                Foi logo na primeira aula. Pelo o que vejo nas reuniões da aceleração, os alunos de projetos são um tanto quanto hostilizados pelos alunos regulares e até mesmo por alguns membros do Corpo Docente e da Direção da escolas. Quase sem exceções. Entendo que muitos são alunos da escola há 2, 3 anos... E continuam no 6o. ano... Entendo que alguns já fizeram muita besteira, já atrapalharam as aulas de muitos professores e deram bastante trabalho para a Direção. Mas isso não significa que eles não possam mudar - talvez eles não se encaixem no perfil da escola tradicional e uma metodologia nova faça com que eles se tornem novos alunos: conscientes, responsáveis, estudiosos... É com esse pensamento que entro em sala de aula. Tenho 28 alunos; destes, conheço 3: Psi, Omicron e Gama. Nunca me deram trabalho nas aulas de Educação Física, mas já ouvi muito falar do que são capazes na sala dos professores... Ksi também me é conhecida; porém, nunca fui professora dela - ela "matava" aula em 2010 e se infiltrava entre os alunos de Educação Física. Ksi tem fama de "barraqueira", arruma confusão por qualquer coisa. Fiquei receosa, confesso. Mas abri o coração e "entrei de cabeça" no nosso Período de Integração (15 dias de atividades quebra-gelo, dinâmicas de grupo, avaliação e diagnóstico da turma). Fizemos uma dinâmica onde havia duas caixas: uma bonita e uma feia. Os alunos escreveram em um papel uma característica boa e em outro, algo ruim sobre eles, mas dessa vez anonimamente. Li em voz alta as características boas e disse que a partir daquele momento, as coisas da caixa feia ficariam ali trancadas. Joguei a caixa fora. Um lindo simbolismo. Ao final da aula, cada um recebeu uma estrela de cinco pontas, onde deveriam escrever seus nomes e responder a algumas perguntas, tais como: "O que espero?", "O que ofereço?", "Meu medo é...". Ao final, fizemos um mural com as nossas estrelas. Era de fundo azul, assim como o céu o é. Após todos colarem suas estrelas, eu fixei um cartaz onde se lia: "O céu é o nosso limite". Ao mostrar a eles o trabalho pronto, disse que eles seriam as estrelas da nossa sala de aula e que em nenhum momento eles deveriam se sentir menosprezados por serem "de projeto". Foi aí. Chorei. A reação deles? Surpresa. Não estavam acostumados com sensibilidade: vivem uma vida dura e sofrida. Fiquei com vergonha, mas essa sou eu; se eu for ficar com eles por dois anos, durante quatro horas por dia, vão me ver chorar muito ainda!

Ao final da aula, fui questionada:
"- Professora, porque a senhora é boa?"
"- Lá vem bomba!" - pensei. E perguntei:
"- Boa? Como assim?"
A resposta?
"- Você é a melhor professora que eu já tive..."
E ele vira as costas, me deixando sem palavras e com lágrimas nos olhos.



quinta-feira, 1 de setembro de 2011

(Re)Conhecendo os Alunos

               A Semana de Capacitação passou bem rapidamente. Com tantas informações, tantas dinâmicas e tanta expectativa para conhecer minha turma, tudo ficou mais leve e fluiu de uma maneira bem tranquila. Durante o final de semana, a ansiedade cresceu, na mesma medida em que o medo de fracassar também tentava me dominar. Segunda-feira finalmente chegou e, quando pergunto na escola qual seria a minha turma, a resposta me agonia ainda mais: "- Depois que todos os alunos subirem, vão restar somente os do projeto; daí, a gente separa as turmas". Mas as duas turmas de aceleração 2 já estavam separadas; o que faltava era decidir qual seria a professora de cada uma delas: Natasha ou eu. A diretora faz a chamada oral de uma das turmas. Vejo algumas carinhas conhecidas. "- Será que é essa, será que é essa?" - eu perguntava a mim mesma. Quando chega na letra V, ela diz: "- Esses alunos serão da professora Diana". Medo. Alegria. Ansiedade. Tensão. "- Preciso conquistar esses meninos hoje", eu pensava. Começamos aí nosso Período de Integração.

Nota: para evitar expor os alunos, decidi trocar seus nomes por letras do alfabeto grego. Sendo assim, meus alunos são: Alfa, Beta, Gama, Delta, Épsilon, Dzeta, Eta, Iota, Capa, Lâmbda, Mi, Ni, Ksi, Omicron, Pi, Rho, Sigma, Tau, Upsilon, Phi, Khi, Psi e Ômega. Não seguirei a ordem alfabética; fiz a correlação aleatoriamente. Deixei a letra Teta de lado, pois atualmente só tenho 23 alunos e o alfabeto é composto de 24 letras. No início havia mais alguns alunos que tiveram que nos deixar (posteriormente direi o motivo); esses identificarei pelas iniciais do nome, caso venha a me referir a algum deles.