Foi em uma terça-feira, daquelas que a gente quer cortar do calendário, após passar a manhã inteira planejando (temos a maioria das quartas-feiras livres para planejamento, mas esse quantitativo de horas não chega a ser nem metade do que necessito). Percebo logo no início da aula que a turma está diferente: agitada, um brigando com o outro, recusando as atividades propostas... A primeira atividade até que foi razoável; na segunda, o caos se instalou: interrompi tudo, solicitei que abrissem o caderno e copiassem nosso Pacto de Convivência. Para cada item, eles fizeram uma auto avaliação oral, exercício que os fez refletir sobre suas atitudes. Conversei sobre a importância do bom relacionamento com os colegas, mas havia algo que estava me incomodando muito ali e tinha quase a certeza de que era isso a razão do caos: tínhamos um grupo de alunos analfabetos e outro grupo de analfabetos funcionais. Alunos com essas dificuldades não poderiam continuar no Projeto Autonomia Carioca, pois não conseguiriam acompanhar as aulas. Seria injusto com esses meninos mantê-los em uma classe de aceleração, sendo que a característica fundamental – estar alfabetizado – eles não possuíam plenamente, o que justificava um aluno disperso e agitado(r) naquele momento. E, como não sou alfabetizadora, não poderia ajudar nessa tarefa. Que atitude tomar? Sinalizei à Direção da escola e pedi o auxílio do Coordenador Pedagógico, que ficou de me dar uma resposta em poucos dias. Saí da escola neste dia rouca, chateada e mentalmente exausta. Foi o começo dos dias nublados.